O curso de Belas Artes da UFMG nasceu em 05 de abril de 1957, como curso na Escola de Arquitetura.
Quase 11 anos depois, em 28 de janeiro de 1968, foi instituída a Escola de Belas Artes que, aprovada pelo Decreto nº. 62.317, passou a constituir-se numa Unidade Acadêmica autônoma da UFMG, com Bacharelado em Belas Artes. A Escola só mudou para um prédio próprio, em 1972, no Campus Pampulha, construído especialmente para abrigá-la.
Em 1969, o Colegiado de curso propôs e aprovou um novo currículo, com duas áreas, precedidas por um ciclo comum: a de Artes Plásticas e a de Cinema. A área de Cinema deveria ter a duração de quatro semestres, organizados em torno de três disciplinas básicas: Linguagem e História, Técnica e Cinema de Animação. Para a época, a proposta era muito avançada e acabou fazendo com que o Colegiado voltasse atrás e a rejeitasse. O Cinema ficou reduzido a apenas duas disciplinas de caráter optativo.
Em 1971, foi implantado o Departamento de Comunicação Visual, que passou a se chamar Departamento de Fotografia e Cinema, em 1975. Já em 1976, os professores do Departamento tentavam criar uma habilitação em Cinema, projeto que não chegou a bom termo, por dificuldades com a direção da Escola e com os Departamentos de Desenho e de Artes Plásticas.
Em 1978, foi enviado ao Conselho de Graduação da UFMG um projeto de reforma curricular, que propunha oito habilitações para o curso de Belas Artes: Desenho, Pintura, Gravura, Escultura, Artes Gráficas, Tapeçaria e Cerâmica, Azulejaria e Audiovisual.
Em 1979, foi encaminhado novo projeto de reformulação curricular para o curso de Belas Artes, destacando-se que, na nova proposta, a preocupação principal era a de reduzir a descontinuidade na aquisição dos conhecimentos necessários ao estudante de arte. Nessa versão, a proposta era a de que houvesse apenas um curso de Bacharelado em Artes Plásticas, com dez áreas de concentração, compostas pelas oito anteriores, além de Restauração de Pinturas e Esculturas e Teatro de Bonecos, incluídas em função de vários professores da EBA/UFMG atuarem nestas atividades. Foram instituídos os ateliês, em quatro semestres obrigatórios de 300 horas cada. Para cada área de concentração, havia uma disciplina introdutória correspondente, na qual eram fornecidos os conhecimentos básicos específicos. O aluno deveria totalizar 2.295 horas de disciplinas obrigatórias, 180 horas de complementares obrigatórias e 60 horas de eletivas, perfazendo 2.535 horas. O Conselho de Graduação aprovou apenas a implantação dos ateliês nas quatro modalidades já existentes, ou seja, Desenho, Escultura, Gravura e Pintura.
Na década de 1980, foi feito um convênio entre o Centro Técnico Audiovisual (CTAv) e o National Film Board of Canada (NFB), que resultou na formação de um Núcleo de Animação, composto por alunos e professores do Departamento. Logo em seguida, foi criada, no Bacharelado em Belas Artes, a habilitação em Cinema de Animação, única no Brasil até os anos 2000 – um passo fundamental para o crescimento da área de Cinema junto à Escola de Belas Artes. Desde então, o Cinema de Animação vem sendo uma concorrida habilitação na EBA, responsável pela escolha de quase metade dos egressos no curso de Artes Visuais, devido à formação de profissionais de destaque no mercado audiovisual e pela produção de filmes de graduação premiados em diversos festivais nacionais e internacionais.
Em 1998, a EBA incorporou o Curso de Graduação em Artes Cênicas, como parte do Departamento de Fotografia e Cinema que, então, passou a se chamar Fotografia, Teatro e Cinema.
Em 2001, iniciaram os trabalhos de discussão para uma reformulação do currículo do Bacharelado, que teve como resultado um projeto colocado em funcionamento a partir de 2006. O novo currículo estabelecia que os alunos se formassem em Artes Visuais e, ao invés dos dois anos de formação básica para todas as habilitações, especificava apenas um ano de básico, sendo que nos outros três anos, os alunos seguiriam os percursos de cada habilitação escolhida. Até 2008, o curso de Artes Visuais contou com as seguintes habilitações: Cinema de Animação, Desenho, Artes Gráficas, Escultura, Gravura e Pintura.
Em 26 de setembro de 2007, conforme decisão da Câmara Departamental, o DFTC propôs, como adesão ao REUNI, a criação do curso de Animação e Artes Interativas que, após reuniões da Comissão destinada à elaboração do Projeto do novo curso, passou a ser denominado de Cinema de Animação e Artes Digitais (CAAD). Tendo como unidade sede a Escola de Belas Artes da UFMG, o novo curso pretende contar com a participação da Escola de Música e com o Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Ciências Exatas da UFMG (DCC/ICEx). Com duração de integralização do curso prevista para quatro anos, o horário de funcionamento, a princípio aprovado como diurno, foi posteriormente alterado para noturno. O número de entrada de alunos também foi modificado de 70 para 40 alunos anuais. Além disso, a previsão de início para o ano de 2010 foi antecipada para 2009.
Este curso foi estruturado a partir das vertentes: Cinema de Animação – por sua história e tradição junto à Escola de Belas Artes – e Artes Digitais – que trata do grande campo emergente transdisciplinar das artes interativas produzidas e/ou mediadas pelos sistemas computacionais. Nesse sentido, o curso contempla, em seu ciclo básico, algumas disciplinas comuns do curso de Artes Visuais.
Portanto, a proposta de criação do curso de Cinema de Animação e Artes Digitais (CAAD) teve sua origem na necessidade de expansão da habilitação em Cinema de Animação do Curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes. A inclusão de um percurso em Artes Digitais foi consequência da necessidade de suprir um espaço vazio existente na UFMG nesta área, embora já houvesse um grupo de professores com pesquisas na Pós-Graduação em Artes Visuais da EBA. Não obstante, um pungente desejo dos alunos da graduação que optavam pela habilitação em Cinema de Animação, principalmente em relação a formações complementares para jogos computacionais e mídias interativas já refletia a crescente demanda da sociedade por uma graduação voltada para a área de Artes Digitais. Houve, também, por parte da EBA e do DCC, encontros preliminares para a implementação do que poderia ser uma formação complementar em jogos.
Nesse sentido, já estava visível a necessidade de ampliação da área de Cinema de Animação para um novo horizonte artístico-tecnológico: a transformação, por completo, da habilitação atual em um novo curso na EBA, condizente com o potencial propiciado pelas tecnologias artísticas contemporâneas da era digital, aliadas ao expressivo e fascinante universo criativo que é a arte da animação.